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O Território

O Montado é a paisagem mais icónica do Ribatejo e Alentejo, sendo um marco da identidade, das tradições e dos costumes enraizados e foco de uma grande tradição cultural e etnológica. Marcado pelas enormes manchas de sobreiros e azinheiras alinhados em planícies onduladas ou em serras mais pequenas, o Montado é uma imagem única e idílica.

O Montado
Fonte: APCOR, 2018

As florestas de sobreiros são denominadas por “Montado de Sobro”. Este é um dos ecossistemas mais ricos do mundo e Portugal tem a maior área a nível mundial (concentra 34% da área mundial, num total de 736 mil hectares que correspondem a 23% da floresta nacional). O Montado de Sobro subsiste apenas na bacia mediterrânica, sobretudo nas regiões a sul da Península Ibérica e com influência atlântica, desenvolvendo-se desde o nível do mar até aos 500 metros de altitude.

Distribuição do Montado de Sobro na bacia mediterrânica.
Fonte: APCOR, 2018

A nível mundial, por intervenção de programas de reflorestação, a área de Montado cresceu cerca de 3% nos últimos dez anos, tendo sido plantados mais de 130 mil hectares em Portugal e Espanha.

O Montado caracteriza-se por ser uma área de povoamento mais aberto (a típica paisagem do Ribatejo e Alentejo, que faz lembrar a savana) e cuja espécie dominante é o sobreiro. No entanto, com o sobreiro podem coexistir outras espécies – outro tipo de carvalhos, pinheiro-bravo e pinheiro manso – originando os sobreirais que são bosques mais fechados e densos, onde se encontram outras espécies como estevas, sargaços, giestas, entre outros. Em média, a densidade destas florestas é de 80 árvores por hectare, podendo atingir densidades maiores, de cerca de 120 árvores. Cerca de 5% da área total do Montado pode ser utilizada para culturas cerealíferas, como o trigo, a cevada ou a aveia e 40% para pastagens.

Os Montados formam “paisagens culturais”, ou seja, sistemas ordenadamente alinhados e organizados que resultam da ação humana e que visam proteger o sobreiro. A biodiversidade existente nos Montados é um exemplo a seguir: pelo papel de prevenção em relação aos fogos, devido à coexistência de culturas agrícolas; pela diversidade de espécies animais que o habitam (como o porco alentejano ou a cabra serpentina); pelo aproveitamento de recursos como a cortiça, as bolotas e as pastagens, e pelo seu relevante caráter silvo-pastoril.

Este ecossistema é composto por uma enorme diversidade de espécies nomeadamente a águia-de-Bonelli, a águia-imperial-ibérica, o texugo, a doninha, a raposa, o javali e o lince ibérico. Além da fauna, a biodiversidade da flora permite encontrar no Montado ervas aromáticas, como a lavanda, o tomilho, o rosmaninho ou o alecrim e ainda diversas espécies de cogumelos, que estabelecem uma interessante relação simbiótica com os sobreiros.

Quanto ao valor económico dos montados este reflete-se, essencialmente, na produção de cortiça e no destaque que Portugal tem como maior exportador desta matéria-prima, estando a sua importância cultural relacionada com a sua função de conservação da biodiversidade. Associada à economia do território deste PROVERE encontra-se uma das atividades mais singulares aí praticadas, o descortiçamento.

O Montado de Sobro apresenta também capacidade de sustentar outras atividades económicas com importância regional e local, nomeadamente a criação de carne de qualidade e de leite, enquanto bases da indústria agroalimentar, a apicultura, a recolha de cogumelos comestíveis, a exploração de recursos cinegéticos e as atividades turísticas (turismo de natureza, turismo rural e ecoturismo).

No contexto social, o Montado de Sobro é um sistema que tem no Homem o elemento central do seu funcionamento. O “monte”, elemento estruturante e distintivo do Montado, constitui o primeiro assentamento humano no território e a unidade habitacional rural do Alentejo. Tipicamente é no monte que se alojam os trabalhadores das herdades e são guardados os equipamentos e os animais, estando assim fortemente ligado à forma de exploração agro-silvo-pastoril da terra e à organização das propriedades.

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